Achei o filme interessante, tal como o anterior (Um toque de pecado). O "mood" é suave, bem oriental mas salpicado por sons do Ocidente que lhe dá todo o peso de problema identitário, de alteridade em mutação constante. Um dos personagens (Lianzi) está doente, presume-se que com um cancro do pulmão e é expulso do filme de forma abrupta, quando a "amiga" lhe dá dinheiro para pagar os tratamentos. Nunca mais o vemos direta ou indiretamente no filme. Poder-se-á ler isto como um corte radical com um passado em ruínas, ruptura que tem o seu preço... E ela ainda lhe diz "deixa lá isso não é de mais". Como quem diz - mais do que os amigos são para as ocasiões - os males curam-se, há sempre um jeito de reparar o passado e mitigar a culpa... E assim aquela China pobre e doente é expulsa do filme, para dar lugar a uma outra realidade.
A partir do momento que vemos o filme, ou seja, quando nos apropriamos do seu código fonte e o fazemos nosso, podemos fazer as interpretações que quisermos. Há a visão do autor- consciente ou subconsciente-que julgamos "descodificar", mas isso é muitas vezes um exercício pretensioso e improfícuo. É vê-los a eles, autores, a desmentir essas charadas, tipo "Go West", e dá vontade de rir ("quis dizer apenas GO e não tanto GO WEST - disse Jia em Cannes)... A nossa visão é única e resulta desse encontro do nosso mundo com a matéria do filme. Eu não posso ter a pretensão de achar que o autor tem um propósito quando fez "sumir" o personagem doente do filme, mas foi assim que eu o vi.
O tema do filme está presente de uma forma direta e simples em: Um toque de pecado.Filme anterior.A ideia que parece uma obcessão no autor é a de que a China tradicional provavelmente a da fome endemica ,submissão,e miseravel em fim se está perdendo por um mundo de consumo e corrupto.Nada de mal em ter essa ideia e defende-la Este filme desde o titulo pretende e este pretende ,tem mesmo a carga de pretensioso,ser mais do que é.O tom de melodrama,os personagens que não tem consistencia,a deriva final enfim se fosse um filme portugues não faltaria quem o enterrasse, mas o oriente senhor... Há muito tempo que não tinha vontade de ir embora antes dos genericos.
Eu acho que esse aparente simplismo e simbolismo do argumento acaba por ser contrabalançado por outros aspetos como a excelente fotografia e atmosfera visual e espiritual do filme.
Achei o filme interessante, tal como o anterior (Um toque de pecado). O "mood" é suave, bem oriental mas salpicado por sons do Ocidente que lhe dá todo o peso de problema identitário, de alteridade em mutação constante.
ResponderEliminarUm dos personagens (Lianzi) está doente, presume-se que com um cancro do pulmão e é expulso do filme de forma abrupta, quando a "amiga" lhe dá dinheiro para pagar os tratamentos. Nunca mais o vemos direta ou indiretamente no filme. Poder-se-á ler isto como um corte radical com um passado em ruínas, ruptura que tem o seu preço... E ela ainda lhe diz "deixa lá isso não é de mais". Como quem diz - mais do que os amigos são para as ocasiões - os males curam-se, há sempre um jeito de reparar o passado e mitigar a culpa...
E assim aquela China pobre e doente é expulsa do filme, para dar lugar a uma outra realidade.
A partir do momento que vemos o filme, ou seja, quando nos apropriamos do seu código fonte e o fazemos nosso, podemos fazer as interpretações que quisermos. Há a visão do autor- consciente ou subconsciente-que julgamos "descodificar", mas isso é muitas vezes um exercício pretensioso e improfícuo. É vê-los a eles, autores, a desmentir essas charadas, tipo "Go West", e dá vontade de rir ("quis dizer apenas GO e não tanto GO WEST - disse Jia em Cannes)...
ResponderEliminarA nossa visão é única e resulta desse encontro do nosso mundo com a matéria do filme. Eu não posso ter a pretensão de achar que o autor tem um propósito quando fez "sumir" o personagem doente do filme, mas foi assim que eu o vi.
O tema do filme está presente de uma forma direta e simples em: Um toque de pecado.Filme anterior.A ideia que parece uma obcessão no autor é a de que a China tradicional provavelmente a da fome endemica ,submissão,e miseravel em fim se está perdendo por um mundo de consumo e corrupto.Nada de mal em ter essa ideia e defende-la Este filme desde o titulo pretende e este pretende ,tem mesmo a carga de pretensioso,ser mais do que é.O tom de melodrama,os personagens que não tem consistencia,a deriva final enfim se fosse um filme portugues não faltaria quem o enterrasse, mas o oriente senhor... Há muito tempo que não tinha vontade de ir embora antes dos genericos.
ResponderEliminarEu acho que esse aparente simplismo e simbolismo do argumento acaba por ser contrabalançado por outros aspetos como a excelente fotografia e atmosfera visual e espiritual do filme.
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