quinta-feira, 24 de novembro de 2016

CIELO NEGRO





































  • Espanha (1951)
  • Título: "Cielo Negro" (original), "Black Sky" (Inglês), "Cielo Negro" (Portugal)
  • De: Manuel Mur Oti
  • Com: Susana Canales, Fernando Rey, Luis Prendes
  • Melodrama
  • Audio: Espanhol; Duração: 113 minutos; Preto e Branco
  • Cielo Negro - DVD (No hay nada...)

  • IMDb
    À Pala de Walsh
    El Despotricador Cinéfilo (Espanhol)
    Descobrir el Arte (Espanhol)
    El Blog de Jesus de la Vega (Espanhol)
    El Cine de Solaris (Espanhol)
    Neokunst (Espanhol)
    Estudos de Filologia, Historia y Cultura Hispânicas (Livro - Google Books - em Espanhol)
    Alternativas (Espanhol)
    Ojo Crítico (Espanhol)
    Travelling Sobre Un Cielo Negro (pdf - Espanhol)

    2 comentários:

    1. 1.
      Filme de culto, conhecido essencialmente pelo seu “travelling” final, considerado por muitos como um dos mais admiráveis e memoráveis de sempre e por isso objeto de estudo obrigatório nos cursos de Cinema.
      Também por isso é citado por críticos e “glosado” por realizadores de diversas proveniências. O último caso, que de resto me revelou este filme foi o “Califórnia” da Marina Person, com o seu “Travelling” perto do fim, que evoca o de Manuel Mur Oti, como notou Luis Miguel Oliveira na sua crítica no Ipsilon. Como também poderia lembrar o de “Os 400 golpes” do Truffaut.
      Célebre a afirmação de Godard para o qual o “travelling” é uma questão moral, afirmação suficientemente ambígua para significar tudo e nada ao mesmo tempo. Talvez ele tenha querido realçar a responsabilidade do cineasta sobre o que mostrar e como mostrar ao espectador, particularmente no clímax da narrativa, quando o movimento do personagem implica um caminho com vários desfechos possíveis, entre os extremos da vida e da morte, uma espécie de corrida com meta em aberto, tanto podendo ser a redenção como a perdição, a liberdade ou a resignação a ou seja a decisão moral de um protagonista filtrada pelo ponto de vista da câmara do realizador.
      O que tem de especial este “travelling”, esta corrida à chuva, ao som do toque incessante dos sinos e da música heroica, que impele a protagonista rumo à vida limitada e resignada, mas em todo o caso vida ? A beleza plástica da técnica e perspectiva do realizador que é também o nosso olhar ?
      O director de fotografia, M. Balaguer, utilizou leite misturado com água para dar uma impressão visual mais nítida à chuva que acompanhou a protagonista na sua correria final. Este artifício técnico resultou mas também motivou a ira dos indignados neo-realistas da época, para quem o leite desperdiçado nesse rasgo de génio daria para alimentar centenas de crianças famintas, nesses tempos de Franquismo desapiedado. Coisas da arte e da vida…
      2.
      Mas o filme é apenas o famoso “travelling”? Há quem jure que sim, e a arte seja apenas um embuste para domar consciências adormecidas…
      Bem… o resto é melodrama. Melodrama, elevado à potência máxima possível, com desgraça a perder de vista (literalmente…), muitas lágrimas, amores inquinados, doenças terríveis e a morte, sempre a morte, ao som dos chatérrimos e imortais ( no pior sentido) violinos. Sem música, a gente respira fundo e aguenta o choque, com música (quase sempre) rendemo-nos ao infortúnio. As personagens dividem-se entre as más, mesmo más ( a maioria ) - acho que nem há palavra adequada no léxico para as designar - e as boazinhas e ao mesmo tempo desgraçadas, como se a bondade e a desgraça andassem de mão dadas, ou não fosse esta subtileza o combustível que alimentou o Franquismo durante muitos (e maus ) anos.
      Claro, eu sei, que é a perspectiva contemporânea que estraga tudo. Ver as coisas no contexto da época e entender a arte do melodrama ajuda a compreender a coisa mas não dá prazer. Este filme é estudo, fruí-lo é uma coisa inexplicável. Às vezes, no curto intervalo em que os violinos deixam de grasnar, é vida em movimento. Que comove.
      O grande final, com a sua moral óbvia não me ofende. Ofendem-me mais os que acham que o destino seria mais natural se a pobre se precipitasse da ponte. Afinal, não falta quem tenha sempre pronta a usar, a pretensão demiúrgica de traçar o melhor destino para os outros, sem contar que a opinião destes é a que realmente importa.

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    2. Nada a acrescentar depois desta análise.Aliás terei de incluir as críticas do Pilar nas que recuso ler antes de opinar sobre os filmes.
      Acho que as cenas passadas na verbena e o final são muito bem feitas.A mescla de luz,som,significado que são a essência do cinema estão lá todas.O resto enfim...

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