De Mia Hansen-Love só conhecia o "Eden", o filme anterior de 2015, sobre o quotidiano de um DJ inspirado na vida real do seu irmão. Este "L'Avenir", continua o tom confessional e algo autobiográfico centrando-se na vida de um casal de professores de Filosofia, inspirado na própria família da realizadora, que dessa forma lhe traça uma perspectiva ficcionada, ressaltando o seu ambiente burguês e intelectual e sobretudo o impacto que o inesperado divórcio teve na vida de todos, em particular na personagem representada por Huppert. Huppert num registo muito diferente da que veste o "Elle" do Verhoeven, ao contrário do que foi aqui sugerido por um comentarista decerto embriagado. Mas isso pouco importa para o caso vertente, apenas releva da excelência da actriz - como se fossem precisas provas... Há aqui um retrato de uma burguesia intelectual, que passou pelos protestos da juventude mas que agora suporta o "establishment". Nada de novo, se essa geração acomodada ao bem bom material e ao conforto das ideias sedimentadas, não fosse desafiada na rua e no campo intelectual através da subversão anárquica e radical que põe em questão as velhas ideias, pelos contestatários de hoje. Este debate tem interesse por si só, mas sobretudo porque abre túneis e estabelece pontes com o que está a mudar na vida da protagonista. Não se tratam apenas de mudanças e recomeços, rearranjos emocionais ou mentais, é mais do que isso. É a noção que o futuro que estamos à espera, é justamente, no agora deste presente, o passado que nunca sonharíamos, os tais dias de um futuro passado, como cantavam os velhinhos Moody Blues. É também a imprevisibilidade do tempo como definidor do valor de verdade das coisas como a certa altura um dos alunos questionou: "E se o tempo estiver errado" ? Muito bom filme !
Acho este filme mais interessante que o Elle.Cosegue irritar com os tiques intelectuais como ressalva o distinto colega que me precedeu na crítica,nada a fazer eles são mesmo intelectuais e não podem como agora está na moda fingir que são assim como meios grunhos porque parecem mais do povo e tal.Há uma diferença grande em ser intelectual e ter um comportamento elitista e achar que há uma automática superioridade de inteligencia e mesmo de direitos de prioridade em certos casos.Pelo contrario o conhecimento só ganha em profundidade com a humildade.Este filme consegue servido por interpretes de luxo,transmitir de forma muito clara coisas muito complicadas a saber:Como reagir quando as nossas crenças antigas já não servem para explicar o nosso presente e não se quer pertencer aos que nunca questionaram nada.Não ceder ao porreirismo porque pode dar dividendos com filhos e etc...muito bom .
De Mia Hansen-Love só conhecia o "Eden", o filme anterior de 2015, sobre o quotidiano de um DJ inspirado na vida real do seu irmão. Este "L'Avenir", continua o tom confessional e algo autobiográfico centrando-se na vida de um casal de professores de Filosofia, inspirado na própria família da realizadora, que dessa forma lhe traça uma perspectiva ficcionada, ressaltando o seu ambiente burguês e intelectual e sobretudo o impacto que o inesperado divórcio teve na vida de todos, em particular na personagem representada por Huppert.
ResponderEliminarHuppert num registo muito diferente da que veste o "Elle" do Verhoeven, ao contrário do que foi aqui sugerido por um comentarista decerto embriagado. Mas isso pouco importa para o caso vertente, apenas releva da excelência da actriz - como se fossem precisas provas...
Há aqui um retrato de uma burguesia intelectual, que passou pelos protestos da juventude mas que agora suporta o "establishment". Nada de novo, se essa geração acomodada ao bem bom material e ao conforto das ideias sedimentadas, não fosse desafiada na rua e no campo intelectual através da subversão anárquica e radical que põe em questão as velhas ideias, pelos contestatários de hoje. Este debate tem interesse por si só, mas sobretudo porque abre túneis e estabelece pontes com o que está a mudar na vida da protagonista. Não se tratam apenas de mudanças e recomeços, rearranjos emocionais ou mentais, é mais do que isso. É a noção que o futuro que estamos à espera, é justamente, no agora deste presente, o passado que nunca sonharíamos, os tais dias de um futuro passado, como cantavam os velhinhos Moody Blues. É também a imprevisibilidade do tempo como definidor do valor de verdade das coisas como a certa altura um dos alunos questionou: "E se o tempo estiver errado" ?
Muito bom filme !
Acho este filme mais interessante que o Elle.Cosegue irritar com os tiques intelectuais como ressalva o distinto colega que me precedeu na crítica,nada a fazer eles são mesmo intelectuais e não podem como agora está na moda fingir que são assim como meios grunhos porque parecem mais do povo e tal.Há uma diferença grande em ser intelectual e ter um comportamento elitista e achar que há uma automática superioridade de inteligencia e mesmo de direitos de prioridade em certos casos.Pelo contrario o conhecimento só ganha em profundidade com a humildade.Este filme consegue servido por interpretes de luxo,transmitir de forma muito clara coisas muito complicadas a saber:Como reagir quando as nossas crenças antigas já não servem para explicar o nosso presente e não se quer pertencer aos que nunca questionaram nada.Não ceder ao porreirismo porque pode dar dividendos com filhos e etc...muito bom .
ResponderEliminar