O realizador de "4 meses, 3 semanas e 2 dias", numa outra face do mesmo problema. Uma relação homossexual nascida num orfanato, quebrada pela emigração e que esta tenta desesperadamente reatar e continuar, tendo para isso, no entanto, de enfrentar a opção religiosa ortodoxa em mosteiro pobre nas montanhas da sua amiga. As dificuldades levam a crises e acessos de violência que acabam com um internamento primeiro e depois com um exorcismo que acaba mal. A questão talvez seja: Quem a matou? O seu desequilíbrio? A intolerância social e religiosa? Um pouco de tudo? Todos que virem o filme poderão responder por si. O filme mantém um registo tenso, sem artifícios e com interpretações brilhantes. Talvez haja um prolongar exagerado no tempo do filme o que se pode tornar cansativo. Um realizador a seguir.
O elemento religioso não é determinante. Só está aqui como ilustração de um contexto social. Se substituísses o convento por uma família, daria no mesmo, apenas com cambiantes diferentes. Aqui o que importa, é que uma das raparigas estava a fim e a outra não. Como em qualquer relação, quando uma das partes não aceita a decisão da outra, há sempre problemas e neste caso agravados pelo manifesto desequilíbrio mental de Alina. Por outro lado, falar em relação "homossexual" é muito forçado. Voichita e Alina, cresceram juntas num orfanato até que Alina emigrou para a Alemanha. Pode-se deduzir dos diálogos entre as duas que elas eram muito próximas e pelo menos uma delas(Alina) dizia "amar" a outra, questionando-a mesmo se ela sentiria o mesmo. Mas nada aponta para que alguma vez tenham sido um "casal" em sentido pleno. Quanto à incompreensão e maus tratos eles ocorreram nos dois sentidos da relação e muito por culpa de Alina. O obscurantismo religioso é um facto, mas muitas vezes são as próprias famílias que têm práticas desta natureza bárbara. Inteligentemente, o filme não faz opções morais, religiosas ou políticas. Apenas ilustra uma situação até com um excesso de realismo, parece-me, que é aliás apanágio deste realizador - veja-se o pormenor do feto morto exposto durante 10 segundos no filme "4 meses, 3 semanas e 2 dias". O tom geral do filme, não é portanto muito agradável, tal como o do anterior, mas isso não retira interesse ao filme, exige apenas mais de quem o vê. Isto é que o torna, em certa medida, um bom filme.
Continuando ainda no tema acima exposto, para alguns, para além do filme tratar de uma relação "homossexual", a "conversão" de Voichita seria como que a expiação da culpa que esta sentiria pelo passado da relação. É uma interpretação legítima mas muito forçada, pois isso não se vê e tenho dúvidas que seja sugerido no filme. Naquele contexto socio-económico, uma vida num convento é uma opção válida para fugir da pobreza. Porque não ? Poder-se-á argumentar que a hipótese da emigração para a Alemanha sugerida pela amiga seria infinitamente mais realista. Tenho as minhas dúvidas. Ela pode simplesmente gostar muito da amiga mas não tolerar a aproximação de cariz sexual por parte dela. Essa história da "causa", da "responsabilidade" e da "culpa" é uma questão aberta e talvez derive do material que serviu de suporte ao filme, especialmente as novelas não ficcionadas da jornalista Tatiana Nicolescu-Bran.
Concordo em absoluto que poderia ser no seio de uma família o que reforça o peso do relacionamento especial entre as duas.Há mais que amizade e é essa parte a mais que elas não controlam e uma pede a Deus que o faça por ela a outra mais forte e madura pressente que talvez pudessem viver uma vida normal fora de tudo que as liga á Romenia.
O realizador de "4 meses, 3 semanas e 2 dias", numa outra face do mesmo problema. Uma relação homossexual nascida num orfanato, quebrada pela emigração e que esta tenta desesperadamente reatar e continuar, tendo para isso, no entanto, de enfrentar a opção religiosa ortodoxa em mosteiro pobre nas montanhas da sua amiga. As dificuldades levam a crises e acessos de violência que acabam com um internamento primeiro e depois com um exorcismo que acaba mal.
ResponderEliminarA questão talvez seja:
Quem a matou? O seu desequilíbrio?
A intolerância social e religiosa?
Um pouco de tudo?
Todos que virem o filme poderão responder por si.
O filme mantém um registo tenso, sem artifícios e com interpretações brilhantes.
Talvez haja um prolongar exagerado no tempo do filme o que se pode tornar cansativo.
Um realizador a seguir.
O elemento religioso não é determinante. Só está aqui como ilustração de um contexto social. Se substituísses o convento por uma família, daria no mesmo, apenas com cambiantes diferentes. Aqui o que importa, é que uma das raparigas estava a fim e a outra não. Como em qualquer relação, quando uma das partes não aceita a decisão da outra, há sempre problemas e neste caso agravados pelo manifesto desequilíbrio mental de Alina. Por outro lado, falar em relação "homossexual" é muito forçado. Voichita e Alina, cresceram juntas num orfanato até que Alina emigrou para a Alemanha. Pode-se deduzir dos diálogos entre as duas que elas eram muito próximas e pelo menos uma delas(Alina) dizia "amar" a outra, questionando-a mesmo se ela sentiria o mesmo. Mas nada aponta para que alguma vez tenham sido um "casal" em sentido pleno.
EliminarQuanto à incompreensão e maus tratos eles ocorreram nos dois sentidos da relação e muito por culpa de Alina. O obscurantismo religioso é um facto, mas muitas vezes são as próprias famílias que têm práticas desta natureza bárbara.
Inteligentemente, o filme não faz opções morais, religiosas ou políticas. Apenas ilustra uma situação até com um excesso de realismo, parece-me, que é aliás apanágio deste realizador - veja-se o pormenor do feto morto exposto durante 10 segundos no filme "4 meses, 3 semanas e 2 dias".
O tom geral do filme, não é portanto muito agradável, tal como o do anterior, mas isso não retira interesse ao filme, exige apenas mais de quem o vê. Isto é que o torna, em certa medida, um bom filme.
Continuando ainda no tema acima exposto, para alguns, para além do filme tratar de uma relação "homossexual", a "conversão" de Voichita seria como que a expiação da culpa que esta sentiria pelo passado da relação. É uma interpretação legítima mas muito forçada, pois isso não se vê e tenho dúvidas que seja sugerido no filme.
EliminarNaquele contexto socio-económico, uma vida num convento é uma opção válida para fugir da pobreza. Porque não ? Poder-se-á argumentar que a hipótese da emigração para a Alemanha sugerida pela amiga seria infinitamente mais realista. Tenho as minhas dúvidas. Ela pode simplesmente gostar muito da amiga mas não tolerar a aproximação de cariz sexual por parte dela.
Essa história da "causa", da "responsabilidade" e da "culpa" é uma questão aberta e talvez derive do material que serviu de suporte ao filme, especialmente as novelas não ficcionadas da jornalista Tatiana Nicolescu-Bran.
Concordo em absoluto que poderia ser no seio de uma família o que reforça o peso do relacionamento especial entre as duas.Há mais que amizade e é essa parte a mais que elas não controlam e uma pede a Deus que o faça por ela a outra mais forte e madura pressente que talvez pudessem viver uma vida normal fora de tudo que as liga á Romenia.
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